Começando novamente bem o dia.... segue o fichamento do livro lido para a disciplina de Tendências Contemporâneas de Currículo.
FICHAMENTO DO LIVRO: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
Tipo: LIVRO
Assunto / tema: EDUCAÇÃO
Referência bibliográfica: FREIRE, P. Pedagogia da autonomia:
Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
Resumo / conteúdo de interesse:
Primeiramente
devemos saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Esta maneira de compreender o ato de ensinar
é fundamentalmente pensar certo. E pensar certo é uma postura exigente,
difícil, que temos de assumir diante dos outros e com os outros, com relação ao
mundo e aos fatos, diante nós mesmos. É difícil, entre outras coisas, pela
vigilância constante que temos de exercer sobre nós próprios para evitar os
simplismos, as facilidades, as incoerências grosseiras.
Outro
saber necessário à prática educativa é o que diz respeito à autonomia do ser
educando, sendo o educando criança, jovem ou adulto. O professor que
desrespeita a curiosidade do educando, a sua inquietude, a sua linguagem,
ironizando o aluno, torna-se o dono da razão e o detentor do conhecimento.
Contradizendo seu papel de mediador do processo, que possibilita ao aluno a
construção do conhecimento. Tendo em
vista este papel, o docente deve respeitar a autonomia e a identidade do
educando que pressupõe uma pratica coerente realizada com bom senso.
Devemos
considerar ainda outro saber fundamental à prática docente que diz respeito a
sua natureza. Assim, é preciso conhecer a essência da prática para que nos
tornemos cada vez mais seguros com nosso desempenho. Sobre a inconclusão do ser
humano, estamos em constante movimento de busca. Então, nossa capacidade de
aprender pode permitir-nos não somente a adaptar ao mundo, mas a transformá-lo.
É
importante que o professor e os alunos tenham consciência de que a postura é
dialógica, aberta, curiosa e indagadora. E não passiva e apática. Assim, um bom
professor consegue conduzir o aluno ao seu pensamento e sua aula é tida como um
desafio. É indispensável, pois, que o professor se ache repousado no saber de
que a curiosidade é fundamental para que eu pergunte, conheça, atue, mais
conheça e re-conheça.
O
autor inicia o terceiro capítulo falando sobre a autoridade e a segurança.
Segurança esta que é condicionada pelas atitudes do professor que deve buscar
sua preparação, com relação aos conteúdos, para a aula. O respeito deve permear
as relações existentes em sala de aula assim como a generosidade, humildade e
justiça. A arrogância e o mandonismo devem ser excluídos da prática docente já
que em nada contribuem. A autoridade
coerentemente democrática dá espaço a ética e a liberdade. Sua prática
contribui para a construção da autonomia do educando.
Não
é possível separar a formação do aluno em ensino de conteúdos e formação ética.
Elas são indissociáveis uma vez que ao ensinarmos um conteúdo estamos
testemunhando nossa ética. Possuímos a ideia equivocada de que é possível
separar prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber,
ensinar de aprender, respeito ao professor de respeito aos alunos.
Outro
saber que o autor julga necessário é o comprometimento com a prática. A
coerência entre o pensar e agir, entre meus discursos e meus atos. Nós
professores devemos mostrar aos nossos alunos que somos capazes de analisar,
comparar, avaliar, decidir, optar e romper. Pensando sempre na luta pela
verdade e justiça.
Como
uma experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervir no
mundo. Não cabe aqui uma postura neutra. Se pensarmos no interesse das classes
dominantes, a educação deveria conduzir o aluno a aceitar sua situação sem
questionamentos, já que ela deve ser, para eles, uma prática imobilizadora e
ocultadora da verdade. Devemos refletir sobre nossa prática. Pensar se estamos
contribuindo para a ocultação da verdade ou para uma formação integral e para a
vida em sociedade. Levar os alunos a questionamento sobre sua realidade, a qual
está inserida em certo contexto. Além disso, questionar. Questionar minha
prática, meus atos, minha opiniões (ou a falta dela), ou seja, me colocar no
mundo, assumir o lugar que ocupo.
O
autor nos traz uma discussão a respeito da liberdade e autoridade. Como
trabalhar para que os limites necessários sejam assumidos eticamente pela
liberdade. É importante que o aluno tenha o direito e oportunidade de decidir,
“é decidindo que se aprende a decidir”. Se ao invés de levarmos o aluno a
pensar coerentemente para tomar sua decisão, decidirmos por ele, ele não
aprenderá como agir diante dos limites impostos e não construirá sua autonomia.
Quando nos abstemos de opinar e tomar decisões, estamos reforçando o poder do
opressor.
Outro
ponto importante abordado é o saber escutar como uma prática também
democrática. Na hora de escutar e falar o silêncio deve ser tomado como ponto
de partida, aceitando e respeitando as diferenças, agindo humildemente e não
esquecendo que ninguém é superior a ninguém. Quem está escutando deve controlar
sua vontade de interromper o outro para que ele se expresse por inteiro. Como
professores devemos respeitar a leitura de mundo do educando. Não preciso
concordar com ela, mas tenho por dever respeitá-la.
O
autor nos coloca que ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica. Essa
ideologia tem que ver diretamente com a ocultação da verdade dos fatos, com o
uso da linguagem para mascarar e distorcer a realidade. Nesse sentido a ideia
de globalização também vem trazendo uma maquiagem para os caminhos econômicos
que o país está tomando.
Ainda
é discutida a importância da abertura para o diálogo. Não devemos deixar uma
oportunidade de posicionamento e uma exposição de opiniões passarem, seja ela
de qualquer natureza. Não há porque de oprimir uma chance para discussão e não
é vergonha nenhuma desconhecer algo.
Encerrando
o livro, Freire ressalta que ensinar exige querer bem aos educandos. Isso não
pressupõe o fato de que devemos querer bem todos os alunos de maneira igual.
Mas, significa que sou afetado pelo que me cerca, ou seja, assumo e expresso a
afetividade. Porém não posso deixar que a afetividade interfira no cumprimento
ético do meu dever de professor, no exercício de minha autoridade. A serenidade
a alegria não são inimigas da rigorosidade.
Citações:
1 “a incompetência profissional
desqualifica a autoridade do professor”. (Página 90)
2 “O respeito que devemos como
professores aos educandos dificilmente se cumpre, se não somos tratados com
dignidade e decência pela administração privada ou pública da educação”. (Página 94)
3 “é decidindo que se aprende a
decidir”. (Página 104)
4: “Quando entro em sala de aula
devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos
alunos, a suas inibições; um ser crítico,e inquiridor, inquieto em face da
tarefa que tenho – a de ensinar e não a
transferir conhecimento”.
5: “A prática educativa é tudo
isso: afetividade alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da
mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje”. (Página 140)
6: "Que é mesmo a minha neutralidade senão a maneira cômoda, talvez,
mas hipócrita, de esconder minha opção ou meu medo de acusar a injustiça?
"Lavar as mãos" em face da opressão é reforçar o poder opressor, é
optar por ele”. (Página 109)
Considerações do pesquisador
(aluno): Esta obra nos faz refletir sobre nossa prática pedagógica. Em certos
momentos, um pouco fantasiosa, mas em outros, útil para nossa docência. O livro
traz uma discussão superficial sobre muitos conceitos e o autor os nomeia como
saberes necessários à prática docente.
Indicação da obra: professores,
alunos de licenciatura e pesquisadores da área.