sexta-feira, 3 de maio de 2013

Fichamento

Começando novamente bem o dia.... segue o fichamento do livro lido para a disciplina de Tendências Contemporâneas de Currículo.


FICHAMENTO DO LIVRO: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

Tipo: LIVRO
Assunto / tema: EDUCAÇÃO
Referência bibliográfica: FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
Resumo / conteúdo de interesse:

            Primeiramente devemos saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.  Esta maneira de compreender o ato de ensinar é fundamentalmente pensar certo. E pensar certo é uma postura exigente, difícil, que temos de assumir diante dos outros e com os outros, com relação ao mundo e aos fatos, diante nós mesmos. É difícil, entre outras coisas, pela vigilância constante que temos de exercer sobre nós próprios para evitar os simplismos, as facilidades, as incoerências grosseiras.
            Outro saber necessário à prática educativa é o que diz respeito à autonomia do ser educando, sendo o educando criança, jovem ou adulto. O professor que desrespeita a curiosidade do educando, a sua inquietude, a sua linguagem, ironizando o aluno, torna-se o dono da razão e o detentor do conhecimento. Contradizendo seu papel de mediador do processo, que possibilita ao aluno a construção do conhecimento.  Tendo em vista este papel, o docente deve respeitar a autonomia e a identidade do educando que pressupõe uma pratica coerente realizada com bom senso.
            Devemos considerar ainda outro saber fundamental à prática docente que diz respeito a sua natureza. Assim, é preciso conhecer a essência da prática para que nos tornemos cada vez mais seguros com nosso desempenho. Sobre a inconclusão do ser humano, estamos em constante movimento de busca. Então, nossa capacidade de aprender pode permitir-nos não somente a adaptar ao mundo, mas a transformá-lo.
            É importante que o professor e os alunos tenham consciência de que a postura é dialógica, aberta, curiosa e indagadora. E não passiva e apática. Assim, um bom professor consegue conduzir o aluno ao seu pensamento e sua aula é tida como um desafio. É indispensável, pois, que o professor se ache repousado no saber de que a curiosidade é fundamental para que eu pergunte, conheça, atue, mais conheça e re-conheça.
            O autor inicia o terceiro capítulo falando sobre a autoridade e a segurança. Segurança esta que é condicionada pelas atitudes do professor que deve buscar sua preparação, com relação aos conteúdos, para a aula. O respeito deve permear as relações existentes em sala de aula assim como a generosidade, humildade e justiça. A arrogância e o mandonismo devem ser excluídos da prática docente já que em nada contribuem.  A autoridade coerentemente democrática dá espaço a ética e a liberdade. Sua prática contribui para a construção da autonomia do educando.
            Não é possível separar a formação do aluno em ensino de conteúdos e formação ética. Elas são indissociáveis uma vez que ao ensinarmos um conteúdo estamos testemunhando nossa ética. Possuímos a ideia equivocada de que é possível separar prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, ensinar de aprender, respeito ao professor de respeito aos alunos. 
            Outro saber que o autor julga necessário é o comprometimento com a prática. A coerência entre o pensar e agir, entre meus discursos e meus atos. Nós professores devemos mostrar aos nossos alunos que somos capazes de analisar, comparar, avaliar, decidir, optar e romper. Pensando sempre na luta pela verdade e justiça.
            Como uma experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervir no mundo. Não cabe aqui uma postura neutra. Se pensarmos no interesse das classes dominantes, a educação deveria conduzir o aluno a aceitar sua situação sem questionamentos, já que ela deve ser, para eles, uma prática imobilizadora e ocultadora da verdade. Devemos refletir sobre nossa prática. Pensar se estamos contribuindo para a ocultação da verdade ou para uma formação integral e para a vida em sociedade. Levar os alunos a questionamento sobre sua realidade, a qual está inserida em certo contexto. Além disso, questionar. Questionar minha prática, meus atos, minha opiniões (ou a falta dela), ou seja, me colocar no mundo, assumir o lugar que ocupo.
            O autor nos traz uma discussão a respeito da liberdade e autoridade. Como trabalhar para que os limites necessários sejam assumidos eticamente pela liberdade. É importante que o aluno tenha o direito e oportunidade de decidir, “é decidindo que se aprende a decidir”. Se ao invés de levarmos o aluno a pensar coerentemente para tomar sua decisão, decidirmos por ele, ele não aprenderá como agir diante dos limites impostos e não construirá sua autonomia. Quando nos abstemos de opinar e tomar decisões, estamos reforçando o poder do opressor.
            Outro ponto importante abordado é o saber escutar como uma prática também democrática. Na hora de escutar e falar o silêncio deve ser tomado como ponto de partida, aceitando e respeitando as diferenças, agindo humildemente e não esquecendo que ninguém é superior a ninguém. Quem está escutando deve controlar sua vontade de interromper o outro para que ele se expresse por inteiro. Como professores devemos respeitar a leitura de mundo do educando. Não preciso concordar com ela, mas tenho por dever respeitá-la.
            O autor nos coloca que ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica. Essa ideologia tem que ver diretamente com a ocultação da verdade dos fatos, com o uso da linguagem para mascarar e distorcer a realidade. Nesse sentido a ideia de globalização também vem trazendo uma maquiagem para os caminhos econômicos que o país está tomando.
            Ainda é discutida a importância da abertura para o diálogo. Não devemos deixar uma oportunidade de posicionamento e uma exposição de opiniões passarem, seja ela de qualquer natureza. Não há porque de oprimir uma chance para discussão e não é vergonha nenhuma desconhecer algo.
            Encerrando o livro, Freire ressalta que ensinar exige querer bem aos educandos. Isso não pressupõe o fato de que devemos querer bem todos os alunos de maneira igual. Mas, significa que sou afetado pelo que me cerca, ou seja, assumo e expresso a afetividade. Porém não posso deixar que a afetividade interfira no cumprimento ético do meu dever de professor, no exercício de minha autoridade. A serenidade a alegria não são inimigas da rigorosidade.


Citações:

1 “a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor”. (Página 90)

2 “O respeito que devemos como professores aos educandos dificilmente se cumpre, se não somos tratados com dignidade e decência pela administração privada ou pública da educação”.  (Página 94)

3 “é decidindo que se aprende a decidir”. (Página 104)

4: “Quando entro em sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico,e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a   transferir conhecimento”. 

5: “A prática educativa é tudo isso: afetividade alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje”. (Página 140)

6: "Que é mesmo a minha neutralidade senão a maneira cômoda, talvez, mas hipócrita, de esconder minha opção ou meu medo de acusar a injustiça? "Lavar as mãos" em face da opressão é reforçar o poder opressor, é optar por ele”. (Página 109)

Considerações do pesquisador (aluno): Esta obra nos faz refletir sobre nossa prática pedagógica. Em certos momentos, um pouco fantasiosa, mas em outros, útil para nossa docência. O livro traz uma discussão superficial sobre muitos conceitos e o autor os nomeia como saberes necessários à prática docente.

Indicação da obra: professores, alunos de licenciatura e pesquisadores da área.

2 comentários:

  1. Fez um bom resumo do livro.Sabe, o que você chama de " fantasiosa" talvez seja o estilo de Freire. Um modo de escrever poético.Mas a análise que ele faz da educação não é fantasiosa....

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  2. Também acho. Freire é fantasioso ao escrever. Em certos pontos acredito que as discussões dele são fantasiosas e mascaradas... até as nossas discussões em sala e nossos discursos são. Em muitos momentos tenho a impressão de que a discussão dele se afasta da realidade que vivemos nas escolas.

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